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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Durante interrogatório, de cerca de uma hora, o réu Luciano Bonilha Leão, ex-roadie da Gurizada Fandangueira, confirmou que a banda já havia feito outros shows com uso de artefatos pirotécnicos na Kiss antes da tragédia. Ao lembrar da noite do incêndio e do período em que ficou preso, Luciano se emocionou. Familiares dele acompanharam o depoimento em plenário. Foi o segundo réu a ser interrogado.
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- Se eu tivesse morrido lá, a minha mãe estaria sentada junto dos outros familiares das vítimas. Não se pode pensar que o grito de uma mãe que perdeu o filho não tem valor. Esses pais são legítimos em lutar pelos filhos deles. Mas eu tenho a consciência tranquila que o meu ato não causou a morte desses jovens. Mesmo assim, se for para tirar a dor dos pais, eu estou pronto: me condenem. Mesmo eu sabendo que eu sou inocente. Mas que não seja apenas uma injustiça - disse, aos prantos.
Antes da banda, Luciano foi office boy. Mas, conta que sempre sonhou em trabalhar com sonorização. O réu esclarece que era freelancer da banda e não produtor. Havia atuado como roadie em 14 shows da banda antes do incêndio. Desses, em nove houve uso de fogos de artifício, inclusive na Kiss.
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- Eu dava suporte para a banda. Eu não ia numa reunião, não ia num ensaio, quando tinha sessão de fotos eu não ia, eu não desenhava como iria ser o show, como eu iria ser produtor? - explica.
PRISÃO
Luciano Bonilha Leão mostrou aos jurados uma sacola de remédios de uso contínuo, que usa para suportar problemas psicológicos decorrentes do trauma pós-incêndio da Kiss e, principalmente, o período em que ficou preso - os quatro réus ficaram presos, em 2013, durante quatro meses na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm).
- Um assassino não pode ter sequelas, mas olha só o resultado de tudo isso - sentenciou, ao mostrar as caixas de medicamento.
Depois, ainda se questionou:
- Que Deus é esse que me bota nessa situação? Que Deus é esse que faz uma mãe sofrer? Muitas vezes eu tenho que sorrir por fora, e chorar por dentro.
COMPRA DOS ARTEFATOS
Luciano foi o responsável por comprar os fogos de artifício que foram usados no show. Ele diz que comprou o artefato indicado pelo gaiteiro da banda, Danilo Jaques, que morreu no incêndio. O réu afirma que não tinha experiência sobre fogos e que não sabia se o artefato solicitado seria para uso interno ou externo.
- Eu cheguei lá (na loja Kaboom), pedi o que queria, botei na mochila e levei na casa dele (Danilo). Eu comprei o que o Danilo disse que eles usavam, não existia uma indicação. Nunca tive essa informação na loja sobre qual artefato comprar - revela.
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O ex-roadie também confirmou que foi ele quem passou o artefato para o ex-vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e acionou o dispositivo. Também disse que tentou usar um dos extintores da boate, mas o equipamento estava sem lacre, parecia estar vazio e não funcionou.
PERGUNTAS
O réu optou por responder apenas às perguntas do juiz Orlando Faccini Neto e da própria defesa. Luciano Bonilha Leão disse que não vai responder a questionamentos do Ministério Público, por terem dito que ele é responsável pelo incêndio da Kiss e por "não terem ouvido a história dele nos últimos oito anos".